Por uma ontologia histórica de nós mesmos: implicações sobre os desdobramentos éticos e políticos a partir da leitura foucaultiana sobre Kant
Abstract
What is Enligthenment? Esta é a pergunta que Foucault se faz em 1984 curiosamente o ano de sua morte. No enunciado deste questionamento encontra-se um duplo efeito: o primeiro é retomar a pergunta formulada por Kant no século XVIII. E o segundo é reinscrever a problemática da Aufklärung para pensar o tempo presente. O presente trabalho detém-se sobre este texto de Foucault inserindo-o numa problematização ética que recai sobre aquilo que Foucault chamou de ontologia histórica de nós mesmos como crítica radical do tempo presente, como prática de liberdade e como modo de subjetivação. Para Foucault a relevância do texto kantiano intitulado was it Aufklärung? Consiste no fato de que essa é uma questão a qual todo o pensamento moderno e contemporâneo não pôde se furtar a responder. Dentro da história do pensamento, essa inquietante pergunta permanece sem solução. A leitura praticada por Foucault em relação a esse texto de Kant aponta suas conclusões para uma atualização do papel da crítica na contemporaneidade. Se outrora este conceito fora utilizado somente pelos domínios de uma lógica formal e de uma epistemologia como critério de um ceticismo filosófico, agora a crítica deve ser pensada como atitude-limite ou seja como ruptura prioritária da atividade intelectual na luta contra toda forma de arbitrariedade possível. A conseqüência maior desta atitude-limite define-se pelo fato de que a crítica assume um teor prioritariamente histórico que compõe as práticas, os jogos os discursos e os modos de estetização de existência responsáveis por fazer do sujeito aquilo que ele é. Isto seria o próprio entrecruzamento da genealogia com a arqueologia. Neste sentido, uma ontologia histórica de nós mesmos não é a tentativa de vislumbrar qualquer projeto utópico de liberdade ou de razão universal. Ela ocupa um papel que está inserido numa atitude-experimental de liberdade. Neste sentido, ela não reivindica a liberdade, mas a exerce pelos domínios das rupturas, das práticas de transgressão e dos modos de resistência. É portanto uma prática de liberdade inserida numa substância ética e no exercício do sujeito sobre si mesmo. Entretanto, resta empreender um último questionamento: quais são os limites que podemos transpor?
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