Da catástrofe das emergências humanitárias à melancolização
DOI:
https://doi.org/10.15175/1984-2503-202416108Palavras-chave:
melancolização, catástrofe, subjetividade, emergência humanitáriaResumo
O presente artigo é um estudo teórico decorrente do projeto de pesquisa “guarda-chuva”, Investigação Psicanalítica de Fenômenos Clínicos na Depressão no Contexto da COVID-19, pelo Laboratório de Investigação das Psicopatologias Contemporâneas da Universidade Federal Fluminense, Campus de Volta Redonda, em parceria interinstitucional com o Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O objetivo da pesquisa é demarcar e definir os efeitos da mutação contemporânea do laço social sobre a subjetividade a partir do reconhecimento de que emergências humanitárias/sanitárias são catastróficas para o funcionamento subjetivo. Neste trabalho, apresentaremos a démarche freudiana que nos levou a reconhecer na melancolização, o impacto principal de emergências humanitárias/sanitárias no funcionamento subjetivo. O trabalho resgata o emprego do termo catástrofe e seu estatuto epistemológico no marco da psicanálise. Esse termo é, para a hipótese da pesquisa desenvolvida por nós, fundamental: emergências humanitárias/sanitárias são uma catástrofe porque produzem a ruína civilizatória de garantias para a população afetada e a suspensão do funcionamento de defesas subjetivas e de estratégias sublimatórias para lidar com a condição de desamparo. Ao considerar emergências humanitárias/sanitárias como catástrofe, o trabalho ressalta, na linha argumentativa desenvolvida por Sigmund Freud, a emergência do afeto de desalento ou melancolização como pathos em tempos sombrios de emergências humanitárias/sanitárias.
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