Fabulação crioula: a política da intercessão e da memória no cinema de Pedro Costa

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Francisco Quinteiro Pires

Resumo

Este artigo analisa a obra cinematográfica de Pedro Costa centrando-se nos filmes Juventude em Marcha (2006) e Cavalo Dinheiro (2014), que exploram o espaço marginalizado dos imigrantes cabo-verdianos e seus descendentes. O personagem central, Ventura, um ator não-profissional cabo-verdiano, desafia as representações convencionais ao forjar as suas experiências pessoais na construção de um roteiro não preestabelecido. A proposta do artigo é destacar como a política de intercessão praticada pelo cinema de Costa subverte o conceito de não-lugar atribuído a Ventura pela academia. Ventura, como intercessor, narra suas próprias memórias pós-coloniais, desafiando as representações visuais tradicionais e desconstruindo significados convencionais do ser subalternizado. A estratégia estético-narrativa, marcada pelo transe, cria um espaço compartilhado onde diretor e ator se tornam sujeitos menos discerníveis, embaralhando as categorias de sujeito e objeto. A proximidade entre diretor e ator gera um contágio que perturba a distinção entre ambos, desestabilizando a representação tradicional de imigrantes, trabalhadores, língua e os conceitos de local e nacional no cinema de Costa. O artigo argumenta que essa prática de intercessão promove uma partilha de saberes em um lugar marcado pela precariedade e racialização pós-colonial.

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Como Citar
QUINTEIRO PIRES, F. Fabulação crioula: a política da intercessão e da memória no cinema de Pedro Costa. A Barca, v. 2, n. 1, 9 set. 2024.
Seção
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