v. 7 n. 14 (2021): Ensaios de Geografia

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CAPA
Praça do Arco do Triunfo, Barcelona, Espanha, fevereiro de 2020.

Victoria Oliva

Vivacidade. Espontaneidade. Idealização. Mise-en-scène. Essas foram algumas palavras que a professora do departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense, Ester Limonad, usou para descrever a cidade de Barcelona em seu artigo “Estranhos no paraíso (de Barcelona): impressões de uma geógrafa e arquiteta brasileira residente de Barcelona”.

Ester não poderia ter sido mais certeira.

Experimentar a cidade de Barcelona é se entregar às surpresas que as ruas ofertam. A cada esquina um enquadramento pitoresco, um músico de rua rompendo com o ritmo acelerado da metrópole – ou até grupos de turistas embananados correndo atrás de informações.

Semanas antes da pandemia se alastrar pela Espanha, vivi o que parece ser o “típico” domingo no Arco do Triunfo de Barcelona. Com seu estilo Neomúdejar – um movimento arquitetônico que buscava recuperar o estilo Múdejar, praticado na Península Ibérica entre os séculos XII e XVI – o arco, construído em 1888, dava início a um largo passeio até o parque da Ciutadella. Enquanto caminhava, crianças e bolas de sabão, músicos cantando e tocando instrumentos diferentes e piqueniques por todos os lados.

No final de fevereiro de 2020, quando estive lá, ninguém parecia acreditar que aquela crise – que já acometia a Itália – chegaria no país em poucas semanas. Não tardou para a Espanha instituir um rígido lockdown, inaugurando um espírito avesso ao de Barcelona no país: o medo, a preocupação, a supressão da experiência.

Na ausência de experimentações urbanas, Barcelona me ofereceu minhas últimas memórias conhecendo e perambulando por uma cidade sem sentir nenhum medo ou receio. Essa cidade do espetáculo ficou capturada no meu imaginário assim como nessa foto: uma maneira pra lá de idealizada para pensar no mundo antes da pandemia.

Fotografia analógica, filme Kodak Pro Image 100.

 

Victoria Oliva
Licenciada em Geografia pela Universidade Federal Fluminense (UFF)

Publicado: 2021-08-31

Editorial

Pandemia