Ensino e saúde indígena: práticas de autoatenção na gestação
DOI:
https://doi.org/10.22409/resa2022.v15i1.a42402Palabras clave:
ensino;, saúde indígena;, autoatenção;, gestaçãoResumen
A elaboração de políticas preconizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) junto a populações indígenas indica a necessidade de inserir nos currículos dos cursos da área da saúde uma compreensão sobre os processos de adoecimento e tratamento que são específicas as dinâmicas culturais destes povos. O objetivo do artigo é compreender quais são as práticas de autoatenção utilizadas durante a gestação pelos povos indígenas do Brasil. A revisão bibliográfica integrativa abrangeu publicações nacionais e internacionais de 2010 a 2019, sendo identificados oito textos que compuseram a amostra do estudo. Parte das medidas de saúde na gestação indígena são de autoatenção. As práticas de autoatenção na gestação indígena foram divididas em cinco eixos: dietas alimentares; plantas medicinais; esforço físico; relações sexuais e outras. Os resultados identificaram que os processos de adoecimento e tratamento estão imersos nas dinâmicas culturais dos povos indígenas e se refletem em diferentes práticas de saúde na gestação. O estudo das práticas de autoatenção na gestação indígena pode contribuir para a formação de profissionais da saúde que contemple uma perspectiva interdisciplinar de atuação, assim como a elaboração de políticas públicas que considerem as especificidades culturais dos povos indígenas como requer a legislação brasileira.
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