O cotidiano frente à experiência liminar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/v30i2/5548

Palavras-chave:

cotidiano, multidão, experiência, limiar, passagem

Resumo

O presente artigo discute o resgate das experiências liminares no cotidiano, entendendo esse tipo de experiência como zona de passagem entre um estado e outro, de acordo com Walter Benjamin. Voltamo-nos a pensar sobre o que resta desses momentos de passagem para o sujeito da multidão, o qualquer um que devém todo mundo, nas palavras de Deleuze e Guattari. Lançamos, a partir disso, a possibilidade de um olhar mais aguçado ao cotidiano e uma forma de pensar que tome como modelo a temporalidade própria do limiar: um pensar devagar e por desvio, envolvido pelo tempo da espera e da infância.

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Biografia do Autor

Tania Mara Galli Fonseca, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1970), mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1978). Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul(1996) e Pós-doutorado pela Universidade de Lisboa (2004). Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, docente e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Piscologia Social e Institucional, dirige a Coleção Cartografias editada pelas editoras UFRGS e Sulina. Foi presidente da Sociedade de Psicologia do RGS e possui larga experiência em Psicologia, com ênfase em Estudos da Subjetividade e do Trabalho. Atua a partir dos referenciais da filosofia da diferença nos temas tempo e subjetividade, corpo-arte-clínica, trabalho e tecnologias com ênfase nos processos de resistência e criação.

Alana Soares Albuquerque, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande (2013). Atuou como bolsista de iniciação científica (CNPq) no Laboratório de Pesquisa e Estudos em Psicologia Social e no Núcleo de Pesquisa e Extensão sobre o Bebê e a Infância, da Universidade Federal do Rio Grande, trabalhando nas seguintes áreas: educação, infância e formação continuada de professores. Possui Mestrado em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014). É doutoranda (CAPES) pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e integrante do grupo de pesquisa Corpo, Arte e Clínica. Atuou como pesquisadora visitante na Concordia University (Montreal/Canadá) vinculada ao projeto de pesquisa Immediations. Atualmente desenvolve estudos sobre os seguintes temas: subjetividade contemporânea, tempo, ficção científica, filosofia e cibercultura.

Carlos Antônio Cardoso Filho, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2007), mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2011) e doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de desenvolvimento de software, com ênfase em sistemas para web. Pesquisa a relação entre novas tecnologias, em especial o computador, e subjetividade a partir da teoria ator-rede e teorias da cognição estendida/distribuída.

Christiane Siegmann, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

Professora Assistente do Curso de Terapia Ocupacional do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014). Mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS (2006). Possui Especialização em Reabilitação com ênfase em ações comunitárias pelo Instituto Porto Alegre - IPA (2001), Aprimoramento em Impactos da Violência na Saúde pela FIOCRUZ (2013) e Graduação em Terapia Ocupacional pela Universidade de São Paulo - USP (1996). Membro dos Grupos de Pesquisa: Corpo, Arte e Clinica nos modos de trabalhar e subjetivar - UFRGS; Atividades Humanas e Terapia Ocupacional (UFSCar) e Grupo de Pesquisa em Terapia Ocupacional (UFPR). Atualmente, desenvolve estudos e pesquisas sobre arte, corpo e cultura; experiência liminar; atividades e terapia ocupacional, violência e gênero; e produção de subjetividade contemporânea. Tem experiência em Terapia Ocupacional Social, Saúde Mental e Atenção à Pessoa com Deficiência. Desenvolve atividades de ensino e extensão sobre as temáticas: diversidade, cotidiano e cultura; atividades expressivas e corporais; atividades intergeracionais; violação de direitos; processos de ruptura das redes sociais de suporte; intersetorialidade; ética e relação terapêutica. Autora do livro Pensar e Inventar-se: Terapia Ocupacional como Clínica dos Afectos publicado pela Editora CRV (2011).

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Publicado

2018-07-19

Como Citar

FONSECA, T. M. G.; ALBUQUERQUE, A. S.; CARDOSO FILHO, C. A.; SIEGMANN, C. O cotidiano frente à experiência liminar. Fractal: Revista de Psicologia, v. 30, n. 2, p. 180-188, 19 jul. 2018.