O positivismo como cultura
DOI:
https://doi.org/10.15175/1984-2503-20168205Palavras-chave:
Positivismo, discurso médico, determinismo biológico, criminalizaçãoResumo
O artigo enfoca o positivismo na conjuntura de implantação da República brasileira, na virada para o século XX, destacando o discurso médico que impôs uma patologização dos africanos, dos afro-brasileiros e dos indígenas. Este discurso, gestado no século XVIII se robusteceu no XIX, permitindo que na virada para o XX o ex-escravo fosse transformado de objeto de trabalho em objeto da ciência (Nina Rodrigues, Roberto Lyra). O positivismo coroa o abolicionismo, intermediado por um processo de defesa do branqueamento da população brasileira. Gestado na longa duração, ele se nutriu dos dispositivos de objetificação e verticalização e da atualização classificatória da Encyclopédie, para um determinismo biológico que se espraiou das ciências físicas para as sociais, sem se desprender da teologia. Esse saber foi funcional à conquista europeia, substituindo argumentos teológicos por científicos na legitimação da dominação do mundo colonial.
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