Vol. 9 No 14 (2021): EDUCAÇÃO POPULAR, FAVELAS E PERIFERIAS: MERCANTILIZAÇÃO DA CIDADE E RESISTÊNCIAS

Fotografia da capa: Paulo Barros Fotógrafo formado pela Escola de Fotógrafos Populares em 2009 e pelo Curso de Formação em Educadores da Fotografia em 2010. Acompanha a banda Confronto em tour com o álbum Imortal desde 2013. Integrante do Coletivo Multimídia Favela em Foco. De 2011 á 2013, ministrou oficinas de fotografia no Ponto de Cultura Porto Aberto à Memória viva, que funciona dentro da companhia Ensaio Aberto na Zona Portuária do Rio. De novembro de 2014 á Janeiro de 2017 integrou o quadro de fotógrafos da OS Viva Rio e do projeto Viva Favela. Participou das exposições coletivas “Caçadores de Sonhos”, Galeria 535, em 2010, e “Prazer, sou do Povo”, no CCMLSL, em Santa Tereza, em 2011, "3 anos de Favela em Foco" Galeria 535, em 2012, dos livros "Imagens do Povo" 2012, "Nos" 2015 e "Amaro da Maré" 2016.

O “Dossiê Educação Popular, Favelas e Periferias:  mercantilização da cidade e resistências” é proposto em pleno contexto de crise sanitária, econômica e política que atinge de maneira mais crítica as favelas e periferias urbanas. Diante disso, é fundamental ampliar as discussões sobre o modelo de cidade-mercado, compreendendo como os diferentes níveis de acesso aos serviços de saúde, a violência urbana, a segregação espacial, e a retirada de direitos sociais impõem uma onda de retrocessos à classe trabalhadora.  A pandemia da Covid-19 evidenciou ainda como o Estado não apenas foi omisso em relação às ameaças à saúde da população, mas também segue reproduzindo uma “política de morte” e negacionista contra aqueles que sofrem com a precarização das suas vidas. A criminalização da pobreza e o racismo estrutural marcas características da necropolítica praticada nos territórios favelados são potencializados pelo genocídio em curso durante a pandemia. Ainda que inicialmente fosse comum o discurso que apontava para a Covid-19 como uma  doença  supostamente  “democrática”,  pois  atingiria  igualmente  as  diferentes  classes sociais,  rapidamente  foi  possível  observar  uma  periferização  da  pandemia.  O Boletim Observatório Covid-19 da Fiocruz aponta como, apesar da subnotificação, da pouca quantidade de testes e dos limites na produção de informações nas favelas, a gravidade dos casos e a letalidade da doença apresentam maior magnitude (Fiocruz, 2020, p. 17).  Tal fenômeno está vinculado à densidade demográfica, às condições de trabalho, a dificuldade de acesso à água e aos serviços de saúde, dentre outros fatores.

 

 

Publiée: 2021-12-19

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