ESTILHAÇAR AS MÁSCARAS BRANCAS: DO RACISMO À PROMOÇÃO DA NEGRITUDE POSITIVADA NAS ESCOLAS
DOI:
https://doi.org/10.22409/tn.v23i50.65613Resumo
Objetivou-se sistematizar práticas pedagógicas que promovem a negritude na educação básica. Deteve como metodologia a revisão integrativa. Encontraram-se práticas que, majoritariamente, posicionam estudantes negras/os em territórios vivenciais de angústia e isolamento. Há, porém, professoras negras que buscam aplicar a Lei 10.639/2003. Demonstram que com apoio para o reconhecimento da negritude é possível o estilhaçar das máscaras brancas, às quais estudantes recobrem-se frente ao racismo. Podem assim resistir à inferiorização e enfrentar a exploração econômica e a dominação cultural.
Palavra-chave: Negritude; Racismo; Práticas pedagógicas
Downloads
Referências
ABRAMOVAY, Miriam et al. Os caminhos da pesquisa em violência nas escolas: Entrevista com Miriam Abramovay. Revista Brasileira de Segurança Pública, v. 12, n. 2, p. 292-315, 2018.
AGUIAR, Deise Maria Santos; MOREIRA, Maria de Fátima Salum. Pobreza e cor na educação de crianças: saberes necessários ao trabalho de inclusão escolar. Gestão & Saúde, p. 674-687, 2013.
BACKES, José Licínio. O currículo e a produção de sujeitos afrodescendentes em uma escola pública estadual de Campo Grande (MS) com alto IDEB. Acta Scientiarum, v. 38, n. 1, p. 49-56, 2016.
BENTO, Cida. O pacto da branquitude. Rio de Janeiro: Companhia das letras, 2022.
BRAGA, Rosângela Oliveira Gomes; FERNANDES, Alexandre de Oliveira. Construção de subjetividades em adolescentes negras: a agência do racismo cotidiano. Perspectivas em Diálogo, v. 8, n. 16, p. 296-308, 2021.
BRAGA, Aline de Oliveira; GONÇALVES, Maria Alice Rezende. Práticas docentes e relações raciais em uma creche do município do Rio de Janeiro. Cadernos do LEPAARQ, v. 17, n. 34, p. 26-43, 2020.
CARA, Daniel et al. Ataque às escolas no Brasil: análise do fenômeno e recomendações para a ação governamental. Relatório GT de especialistas em violência nas escolas. Brasília: MEC, 2023.
CARINE, Bárbara. Como ser um educador antirracista. São Paulo: Planeta de Livros, 2023.
CARVALHO, Daniela Melo da Silva. A escola no enfrentamento ao racismo. 2020. 133f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - UFS, São Cristóvão
CARVALHO, Marília Pinto de. O fracasso escolar de meninos e meninas: articulações entre gênero e cor/raça. Cadernos Pagu, p. 247-290, 2004a.
CARVALHO, Marília Pinto de. Quem são os meninos que fracassam na escola? Cadernos de pesquisa, v. 34, n. 121, p. 11-40, 2004b.
CAVALLEIRO, Eliane dos Santos. Introdução. Educação antirracista: caminhos abertos pela Lei 10639/2003. Brasília: Coleção Educação Para Todos, p. 10-21, 2005.
CAVALLEIRO, Eliane dos Santos. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. 1998. 278f. Dissertação (Mestrado em Educação) – USP, São Paulo.
COATES, Ta-Nehisi. Entre o mundo e eu. São Paulo: Editora Objetiva, 2017.
DOMINGUES, Petrônio José. Movimento da negritude: uma breve reconstrução histórica. Mediações-Revista de Ciências Sociais, v. 10, n. 1, p. 25-40, 2005.
ERCOLE, Flávia Falci; MELO, Laís Samara de; ALCOFORADO, Carla Lúcia Goulart Constant. Revisão integrativa versus revisão sistemática. REME, v. 18, n. 1, 2014.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.
FANON, Frantz. Os condenados da Terra. Rio de Janeiro: Zahar, 2022.
FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes: ensaio de interpretação sociológica. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1964.
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023. São Paulo: FBSP, ano 17, 2023. ISSN 1983-7364.
GARCIA, Maria de Fátima; AZEVEDO, Micarla Silva de; AIRES, Ana Maria Pereira. Cartografias da sala de aula: o fracionamento das relações étnico-racializadas. Revista Caminhos para a Educação, v. 3, n. 2, p. 66-87, 2021.
GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Rio de Janeiro: Editora Vozes Limitada, 2017.
GOMES, Wanessa da Silva; FALCÃO; Rosangela Estevão Alves. Construção da identidade quilombola e o ambiente escolar. Revista Espaço Acadêmico, v. 21, 21-30, 2021.
GONÇALVES, Luiz Alberto Oliveira. O silêncio: um ritual pedagógico a favor da discriminação racial. 1985. 312f. Dissertação (Mestrado em Educação) – UFMG, Belo Horizonte.
GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: L. Barbosa (Org.), Revista Ciências Sociais Hoje, São Paulo: ANPOCS, pp. 223–244, 1984.
GROSFOGUEL, Ramón. La descolonización del conocimiento: diálogo crítico entre la visión descolonial de Frantz Fanon y la sociología descolonial de Boaventura de Sousa Santos. Formas-Otras: Saber, nombrar, narrar, hacer, p. 97-108, 2011.
GROFF, Apoliana Regina et al. Estado del Arte sobre Violencia y Escuela: Análisis y Problematizaciones Ético-Políticas. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 22, n. 2, p. 604-623, 2022.
HASENBALG, Carlos Alfredo. Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. São Paulo: Graal, 1979.
LUGONES, María. Colonialidade e Gênero. In: HOLLANDA, Heloísa. Pensamento Feminista Hoje. Rio de Janeiro: Ed Bazar do Tempo, 2020.
MÁRQUES, Fernanda Telles. À flor da pele: quando uma etnografia da violência escolar encontra o racismo estrutural brasileiro. Revista de Estudios y Experiencias en Educación, v. 21, n. 46, p. 171-189, 2022.
MARX, Karl. A chamada acumulação primitiva. In: O Capital: para a crítica da economia política. Livro I, volume II, RJ: Civilização Brasileira. 2013.
MARTINS, Anna Luiza Barbosa; ZAMORA, Maria Helena Rodrigues Navas. Branquitude e Educação: um estudo com professoras de escolas públicas. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 21, n. 2, p. 396-415, 2021.
MARTINS, Matheus Eduardo Rodrigues. Escola sem Partido: Intensificando a Formação Ideológica da Consciência. In: Diogo, M (org). Políticas públicas na educação e a construção do pacto social e da sociabilidade humana 2. Atena ed. 2021.
MARTINS, Matheus Eduardo Rodrigues. Queixa Escolar. In: Diálogos interdisciplinares em Psicologia e Educação. Volume I, Pedro e João Ed. São Carlos, 220p. 2024.
MINAYO, Maria. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa e saúde. São Paulo: Hucitec, 2008.
MIZAEL, Náiade Cristina de Oliveira; GONÇALVES, Luciane Ribeiro Dias. Construção da identidade negra na sala de aula: passando por bruxa negra e de preto fudido a pretinho no poder. Itinerarius Reflectionis, v. 11, n. 2, 2015.
MUNANGA, Kabengele. “Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia”. In: Seminário Nacional Relações Raciais e Educação-PENESBRJ, 3, Rio de Janeiro: UFF, 2003.
MUNANGA, Kabengele. Negritude: usos e sentidos. 4. ed. São Paulo: Autêntica - Coleção Cultura Negra e Identidades, 2020.
NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
PAIM, Elison Antonio; PINHEIRO, Patrícia Magalhães; PAULA, Josiane Beloni de. Educação, relações etnicorraciais e decolonização na práxis de professores/as. Perspectiva, v. 37, n. 2, p. 437-452, 2019.
PATTO, Maria Helena Souza. Produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. Tese (Livre Docência) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 1987.
PORTUGUEZ, Benilde Silva; SCHUCMAN, Lia Vainer. Cabelo como denúncia e via para a construção da negritude. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as, v. 16, 2023.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y America latina. In: Colonialidad del Saber, Eurocentrismo y Ciencias Sociales. Buenos Aires: CLACSO-UNESCO, 201-246, 2000.
ROSEMBERG, Fúlvia. "Relações raciais e rendimento escolar". Cadernos de Pesquisa, n. 63, p. 19-23, 1987.
SANTOS, Claudia Souza; SANTOS, João Diogenes Ferreira dos. Identidade negra em narrativas infantis: a memória como alicerce construtor da identidade negra dentro das identidades. Revista Exitus, n. 11, p. 41, 2021.
SCHUCMAN, Lia. Entre o Encardido, o Branco e o Branquíssimo: branquitude, hierarquia e poder na cidade de São Paulo. 2ª. ed. São Paulo: Veneta, 216 p. 2020.
SCHURIG, Sofia. Relatório sobre a comunidade brasileira de glorificação de assassinos, atiradores escolares e supremacistas brancos (AAS) nas plataformas TikTok e Twitter. Senado Federal, Brasília, 2023.
SILVA JUNIOR, Paulo Melgaço da; ALMEIDA, Ricardo Pinheiro de. “Cabelo é como pensamento”: entrelaçando combates antirracistas pelos fios de cabelo. Revista Exitus, v. 10, 2020.
SILVA, Giovanna Santos da; MARTINS, Edna. Práticas educativas de professores e famílias nos processos de construção de identidade das crianças negras. Práxis Educativa, v. 17, 2022.
SOARES, Cristiane Barbosa; BONETTI, Alinne de Lima. Marcadores sociais da diferença na experiência escolar de jovens estudantes negras. Civitas-Revista de Ciências Sociais, v. 21, n. 3, p. 370-379, 2021.
SOUZA, Marcela Tavares de; SILVA, Michelly Dias da; CARVALHO, Rachel de. Integrative review: what is it? How to do it? Einstein, v. 8, p. 102-106, 2010.
SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
TRINIDAD, Cristina Teodoro. Um corpo negado: a importância da educação infantil para a construção e a afirmação da identidade étnico-racial de crianças pré-escolares. Eventos Pedagógicos, v. 6, n. 4, p. 366-383, 2015.
VIGOTSKI, Lev. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
ZUBARAN, Maria Angélica; CRUZ, Joice Mari Ferreira da. Educação e branquitude: uma discussão com professores da educação básica. PerCursos, v. 20, n. 44, p. 138-154, 2019.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Trabalho Necessário

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE DIREITO AUTORAL
Esta Revista é licenciada por Creative Commons (Atribuição 4.0 Internacional).
O processamento e a publicação dos trabalhos não implicam em nenhum tipo de custo para os autores.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
DECLARACIÓN DE DERECHO AUTORAL
Esta revista es licenciada por Creative Commons (Atribuición 4.0 Internacional).
Lo procesamiento y la publicación de los trabajos no implica en ninguno tipo de costo para los autores.
Los autores tienen permiso para asumir contratos adicionales separadamente, para distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicada en esta revista (ej.: publicar em repositorio institucional o como capítulo de un libro), con reconocimiento de autoria y publicación inicial en esta revista.
DECLARATION OF COPYRIGHT
The Journal is licensed by Creative Commons (Attribution 4.0 International).
Processing and publication of the work do not imply any cost to the authors.
The authors are allowed to take on additional contracts separately, non-exclusive distribution of the version of the paper published in this journal (ex.: publish in institutional repository or as a chapter of a book), with an acknowledgment of its initial publication in this journal.
Termo de Transferência de Direitos Autorais
Como condição para a submissão, os autores devem declarar a autoria do trabalho e concordar com o Termo de Cessão de Direitos Autorais, marcando a caixa de seleção após a leitura das cláusulas.
- Declaro que participei da elaboração do referido artigo / resenhas ou de outros elementos para a composição das seções da Revista TrabalhoNecessário-TN, em parte ou no todo; que não omiti qualquer ligação ou acordo de financiamento entre os autores e instituições ou empresas que possam ter interesses na publicação desse trabalho;
- Declaro tratar-se de texto original, isento de compilação, em parte ou na íntegra, de minha autoria ou de outro(os) autor (es) e que segui(mos) as diretrizes (normas e instruções) para os autores;
- Declaro que o texto não foi enviado a outra revista (impressa ou eletrônica) e não o será enquanto a possibilidade de sua publicação esteja sendo considerada pela Revista Trabalhonecessário;
- Declaro que transfiro os direitos autorais do trabalho especificado para a Revista TrabalhoNecessário, comprometendo-me a não reproduzir o texto, total ou parcialmente, em qualquer meio de divulgação (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), impresso ou eletrônico, sem prévia autorização dessa Revista, com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Declaro que tenho conhecimento que a cessão do texto à Revista TrabalhoNecessário-TN é gratuita e, portanto, não haverá qualquer tipo de remuneração pela sua utilização.