PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DE CONHECIMENTO EM TEMPOS DE MERCANTILIZAÇÃO E NEGACIONISMO: DESAFIOS EDITORIAIS
DOI:
https://doi.org/10.22409/tn.v21i45.58731Resumo
Descobrimos recentemente no Brasil, e algo chocados, que os preços cobrados dos autores, por algumas das principais editoras científicas do mundo beiram os dez mil dólares. Enquanto isso, cresce no mundo, a perspectiva de uma ciência aberta, acessível a todos, transparente em suas avaliações por pares e em relação aos dados das pesquisas que estão na origem dos artigos. Este cenário de embates e contradições nos permite tratar dos desafios editoriais que estão colocados àqueles que atuam na área a partir de diferentes ângulos. O objetivo é contribuir para as reflexões, mais do que oferecer respostas, levantar possibilidades de mudança e apontar dificuldades. Didaticamente separados em seções, os temas se articulam e caminham juntos, como diferentes expressões do momento político, científico e econômico que o mundo ocidental vivencia.
Assim, o artigo aborda, em primeiro lugar, a questão da mercantilização e da influência das desigualdades econômicas sobre a circulação do conhecimento, incluindo no debate as questões que envolvem a ideia do inglês como língua franca na perspectiva da “internacionalização subalterna”. Em seguida, trataremos dos riscos políticos e sociais tanto da exclusão quanto o fato desta exclusão abrir espaço para a desinformação e o negacionismo e seu outro lado, os ataques às universidades e pesquisadores no Brasil.
A especificidade do cenário nacional nas ciências humanas e sociais e as responsabilidades editoriais que a ela se associam fecha o artigo, buscando situar alguns dos principais problemas que nos atingem, considerando não só este cenário global, como as inadequações da compreensão hegemônica de ética na pesquisa – associada ao campo da saúde – e os esforços que vêm sendo feitos para que os resultados de pesquisas no campo respeitem exigências éticas outras e se adequem a princípios mais adequados ao campo.
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