Sobre a Revista

A Ensaios de Geografia é um periódico científico de publicação contínua, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense. Buscamos divulgar pesquisas de temáticas relacionadas à Geografia e áreas afins, além de oferecer um espaço propício à formação acadêmica e profissional.

ISSN: 2316-8544
QUALIS: B1

Notícias

Fechamento do Número 24 (2024): Avanços e Realizações da Ensaios de Geografia

2024-12-21

Com satisfação, anunciamos o encerramento do número 24, volume único de 2024, da Revista Ensaios de Geografia. Esta edição está disponível em nosso site, incluindo o editorial, os sumários e os trabalhos completos, que podem ser acessados em: https://periodicos.uff.br/ensaios_posgeo/issue/view/3012.

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Edição Atual

v. 12 n. 25 (2025): Ensaios de Geografia
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CAPA

Linha de desejos em Brasília, Distrito Federal – Dezembro de 2024

 

Do alto dos 120 metros da torre de TV digital de Brasília avista-se a cidade inteira. No mirante em 360 graus a gente vê lá ao longe todos os pontos cartão-postal da cidade: A esplanada com os ministérios e o congresso, com o gramadão na frente dele; a grandiosidade do eixo monumental; a ponte JK, que liga o centro da capital ao Lago Sul, Paranoá e São Sebastião; a Catedral. Todo o contorno do lado norte do Lago Paranoá, solução para atenuar a seca da cidade, com as águas desviadas do Rio Paranoá. Uma coisa que depois de um tempo morando fora de Brasília eu sempre percebo quando volto para lá e me encontro em locais assim muito altos é como tudo realmente está em um nível só. Aqui no Rio a gente vê a paisagem da cidade como uma colagem em vários planos, geralmente com montanhas ao fundo. Em Brasília, você só para de enxergar as coisas até o infinito porque o olho não chega, não tem nada obstruindo, o olhar vai, vai, vai e a gente vê lá no final a linha do horizonte, reta, plana, um traço firme que separa a terra do céu.

Isso tudo você percebe olhando para frente, mas nessa foto eu resolvi olhar um pouco para baixo. Claro que também tenho registros da ponte, da esplanada dos ministérios, do lago e etc., mas o que me comove na cidade são coisas menores, hábitos despercebidos. Outro dia, a caminho do canteiro experimental da minha faculdade, parei alguns minutos para ver uma multidão de formigas em fila levando flores amarelas e folhas para algum lugar. Parar para olhar para o chão às vezes nos mostra coisas que na pressa da rotina a gente não percebe. Olhando a noroeste no mirante da torre, na parte inferior da imagem, na pista onde passam os carros preto e vermelho, está a pista Estrada Parque Contorno. Depois dela, no plano central da imagem, um grande gramado que separa a pista do Setor Habitacional em frente. No meio disso tudo, um olhar mais curioso percebe uma trilha que cruza o descampado inteiro até as casas. Isso chamamos de linha de desejos.

Acho que a primeira vez que tive contato com esse fenômeno foi pelas fotos do fotógrafo Diego Bressani, que já realizou uma série de fotos desses caminhos que ele diz serem feitos pelos “pedestres resistentes de Brasília”. A falta ou insuficiência de calçadas para pedestres na cidade obriga as pessoas a abrirem caminhos pelos grandes gramados de qualquer forma, tatuando no chão os seus trajetos. É a impressão de vários passos conjuntos que marcam a paisagem da cidade e formam trilhas por onde queremos poder andar.

Às vezes me pergunto quem começa as linhas de desejo. Já me deparei com caminhos traçados e estabelecidos e só segui o caminho já existente, o histórico de vários passos que caminharam por ali e marcaram o caminho que também percorro. Indicação de narradores anônimos que interpolam suas vivências na cidade e registram elas ali.

A última observação que vou fazer não é minha, é do Bressani, mas acho que vale a pena compartilhar. Na postagem que ele fez mostrando as fotos dos caminhos, registradas em chapas de filme e reveladas em preto e branco, ele escreve: “Em geral, no período de seca os caminhos saem brancos (terra seca, quase morta) nas fotos. No período de chuva, eles ficam pretos (terra vermelha, viva e molhada). Na pandemia eles sumiram, a grama cresceu”. Essa foto minha é de 2024, mostrando que, com a volta das pessoas na rua e circulando pelos espaços, esses caminhos voltaram.

 

Foto tirada de um aparelho celular iPhone 13.

 

Maria Alice Barboza

Estudante de Arquitetura e Urbanismo (FAU/UFRJ)

Publicado: 2025-06-08

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